O objetivo desse post é dar a minha opinião pessoal sobre o que é um filme de terror bom. Vejam bem, a proposta não é definir um filme de terror perfeito, mas sim levantar tópicos básicos que considero como fundamentais para chegar a conclusão de que vale a pena assistir à um determinado filme de terror.
Então vamos dissertar. A seguir os pontos que eu levo em conta quando assisto um filme de terror (na maioria dos casos, vale para qualquer categoria de filme):
AMBIENTAÇÃO
Para mim, é extremamente importante que um filme de terror esteja corretamente ambientado no que a história se propõe. Supomos que o filme se proponha a contar uma história de um vampiro que se passa no ano de 1750. Esse vampiro está atacando um grupo de humildes aldeões que moram no interior de Londres. Para que o filme tenha sucesso, eu preciso sentir que estou fazendo parte dele. Preciso me sentir no ano de 1750, em um grupo de aldeões humildes do interior de Londres. Para isso, o figurino precisa estar adequado com a ambientação. Não podemos vestir os aldeões com calças jeans, maquiagens carregadas, batons e cabelos alisados e tingidos com perfeição. O que eu espero nesse filme é que seja representada a realidade da época. Roupas surradas e até uma sujeira preta debaixo das unhas tornam o filme mais realista e bem ambientado. Imagine assistir um filme lançado em 2021 cuja a história se passa nos anos 90. Um dos personagens tira do bolso um smartphone e começa a jogar angry birds. Tem como achar esse filme bom? A não ser que o personagem tenha vindo do futuro, claro que não. Mas claro, essa é a minha opinião…
INOVAÇÃO
Talvez esse seja o tópico mais difícil de ser atendido. Às vezes parece que vivemos em uma bolha onde precisamos assistir mais do mesmo. É uma infinidade de filmes que se passam em cabanas ou com um assassino mascarado que esquarteja mulheres nuas. E os Demônios? Os coitados dos Demônios que precisam enfrentar uma infinidade de padres de todos os tipos de religiões? E o que acontece com os possuídos pelo Demônios que precisam andar ao com o corpo contorcido, girar a cabeça, quebrar as costas no meio? Por que temos que viver das mesmisses? Por que os diretores têm medo de inovar? Ao meu ver, é muito mais fácil copiar uma fórmula de sucesso e ganhar uma grana rápida, do que investir em uma ideia inovadora que pode dar muito certo ou muito errado. Ninguém quer correr o risco. É uma coisa que eu sempre falo: arte não combina com business. Se você quer inovar, faça arte. Se quer ganhar dinheiro, copie uma ideia genial, faça uma adaptação e finja que é uma novidade. Seu sucesso vai depender do quanto investirá na propaganda. As milhares de cápsulas milagrosas de emagrecimento estão aí para provar. (E não me xingue por acreditar que ela é milagrosa. Que atire a primeira pedra quem nunca foi enganado). Voltando ao “X” da questão. É raro testemunhar a criação de algo inovador nesse meio “terrorístico”. Quando algum diretor ousa fazer uma obra diferente e mais abstrata, saindo do contexto dos terrores padrões, muitas vezes esse cara é ridicularizado pelo próprio público. Quantas vezes fui assistir um filme de terror diferente no cinema e as pessoas riam (enquanto isso eu achava maravilhoso). O filme A Bruxa está aí para provar a imaturidade de grande parte do povo que o assistiu no cinema. Lembro-me também de O Nevoeiro do King. Pessoas xingando o filme, falando que era uma merda. Enquanto isso eu delirava internamente de prazer por ter assistindo um terror original e diferente. Por isso que é mais fácil fazer Anaconda 5, Halloween 20, Pânico 8, Jogos Mortais 45, etc. Os diretores SABEM que todos vão querer assistir, mesmo que seja uma merda! No fundo, todos nós queremos saber se a continuação vai ser tão boa quanto o primeiro. É ou não é? Eu não me importo que gravem continuações ou filmes que utilizem premissas de cases de sucesso do passado, CONTANTO QUE esse filme me surpreenda de alguma maneira. Que tenha excelentes reviravoltas e que INOVE a franquia de alguma maneira que não insulte a minha inteligência. Porra, o Jason já foi queimado, esfaqueado, sei lá mais o que. Como que esse cara reviveu? Os caras forçam a barra! Sabem que estão fazendo um filme bosta! E estão rindo horrores da cara dos fãs, pois ganharam uma BAITA grana. O Batman do George Clooney não me deixa mentir.
Para concluir e não me estender muito nesse tópico, a minha expectativa mínima com o fator inovação é: surpreenda-me. O mínimo que eu espero de uma continuação ou de uma ideia repetitiva é uma reviravolta surpreendente, é um elemento inovador interessante. Quem sabe um forma de filmagem diferente? Uma trilha sonora arrepiante (amo trilhas sonoras de filmes de terror). Quem sabe um excelente ator desconhecido que dê um brilho ao filme? Existem MUITAS possibilidades! Mas o mais importante é Quem sabe um história COMPLETAMENTE DIFERENTE DE TUDO QUE JÁ FOI VISTO?
CADÊNCIA/EVOLUÇÃO
Um bom filme de terror precisa evoluir na dose certa. Creio que a cadência/evolução deva ser o maior desafio de um diretor de filmes. Filmes que evoluem de maneira muito lenta, geralmente são rejeitados pela maioria das pessoas. Eu, particularmente, adoro filmes com progressão lenta, mas esses tipos de filmes precisam saber manter o espectador ligado na história. Já os filmes que evoluem de maneira muito rápida, embora tenham muita aceitação pelo público (eu inclusive), se não for muito bem feito, vai deixar a história pobre. Geralmente esses filmes resolvem eventos de maneira mágica para não ter que explicar muito para o espectador. Os filmes péssimos geralmente são com progressão muito rápida. Você chega ao final do filme e não entendeu nada do que aconteceu. Geralmente as explicações dos fatos são acobertados por cenas de ação. Se os efeitos especiais forem bons, o espectador consegue engolir, caso contrário, o filme é tachado como péssimo. O segredo é equilibrar. O que eu acho que é muito difícil. Tem que se por no lugar do espectador e imaginar o que ele gostaria que fosse esclarecido na história para se sentir confortável em passar para o próximo assunto/cena. Através disso, tentar equilibrar o filme de forma que esclareça questões básicas sem que se torne cansativo e entregue cenas com ações que despertam o espectador.
REFLEXIVO
Esse item não é 100% essencial, mas ao meu ver, quando é aplicado, por mais que o filme seja ruim nos demais tópicos, ele acaba valendo a pena. Um filme é uma obra de arte que pode chegar a atingir milhões, senão bilhões de pessoas. Sendo assim, é importante passar uma mensagem humanitária/social. Um filme pode contribuir, e muito, para moldar uma sociedade decente, sem preconceitos. Escancarar o racismo, bullying, fome, miséria, degradação da natureza, comportamentos sociais inadequados, denúncias sobre exploração infantil, abusos sexuais, etc, é essencial para abrir a mente das pessoas. Um filme sempre tem e sempre terá condições de passar uma mensagem social decente e contribuir para evoluir a sociedade. Deveria ser uma obrigação isso. Em todos os filmes, não importa o gênero. Por isso que o filme Parasita é MARAVILHOSO!
Bom, é isso! Acho que escrevi até pouco sobre o assunto. Com certeza temos MUITO mais coisas importantes na produção de um filme que fazem com que ele se torne respeitado de alguma maneira. Agora um bom filme de terror, além de tudo isso, precisa passar medo ao espectador, assustá-lo (de uma maneira criativa), criar tensão, desespero, angústia, etc.
E para finalizar, pode ser que mesmo um filme sendo reconhecidamente péssimo, ás vezes, gostamos dele sem saber porque. É normal. Não é crime gostar de filmes ruins. É guilty pleasure. Faz parte, né? Eu adoro um monte de tranqueira de terror. Afinal eu sou da época do Cine Trash.
Até mais.